CANTINHO DA MÚSICA
AS GRANDES ORQUESTRAS
Tenho certeza que muitos dos meus leitores ainda se lembram dos bons tempos dos grandes bailes que aconteciam em todas as cidades. E se lembram dos bailes, hão de lembrar-se das orquestras que faziam o salão se encher com os “pés de valsas” da época. Era a época de ouro das grandes orquestras, também conhecido como “anos dourados”, onde dançar harmoniosamente, respeitosamente abraçado ao par, além de romântico, era um hábito nacional.
Com o passar dos tempos, mudando a cultura, principalmente entre os jovens, onde cada um dança para um lado sem qualquer relação de harmonia com o par, com a invasão dos DJs e da música eletrônica, as orquestras tiveram o seu espaço ocupado e foram sumindo. Poucas sobreviveram.
Dentre as heroicamente sobreviventes, merece registro a Orquestra Tabajara, que já tem 77 anos de existência e sucesso e que esteve sob a regência do maestro Severino Araújo por quase todo este período. A Tabajara foi fundada em 1934 em João Pessoa, na Paraíba, pelo holandês Oliver Von Sohsten, que veio ao Brasil para dirigir uma empresa que lá se instalara e, já em 1937, com a inauguração da Rádio Tabajara, foi contratada para apresentações naquela rádio. A formação original da orquestra já constava com grandes músicos daquela época e Severino Araújo foi convidado para integrar o naipe de sax da equipe.
Por fatos do destino, Severino Araújo, com apenas 21 anos de idade assumiu a direção daquela que seria a mais famosa orquestra popular do Brasil e, já em 1944, a orquestra recebeu convite para apresentar-se na Rádio Tupi, no Rio de Janeiro, que era a capital da República e o centro musical da nação. A partir deste ponto a orquestra não parou mais. Apresentou-se durante 10 anos na Rádio Tupi, depois mais 5 anos na Mayrink Veiga, seguidos de mais 10 anos na Rádio Nacional e 5 anos na TV Rio, sem falar nas excursões de sucesso na França, Argentina, Portugal e outros países.
Somado a tudo isto, seguiu-se o sucesso de discos, tanto na Gravadora Continental como na Cid, especialmente com a série de CDs “Anos Dourados”, lançado após o sucesso da série da Tv Globo com o mesmo nome e que serviu para trazer um pouco de volta as grandes apresentações orquestrais dançantes.
Inspirada nas big bands americanas (leia-se Tommy Dorsey, Glen Miller, Woody Herman e outros), a orquestra animou bailes famosos, festas memoráveis, além de ter sido atração tradicional dos domingos durante a existência do Circo Voador, no Rio de Janeiro. O repertório da orquestra é diversificado, abraçando tanto a música brasileira, como clássicos do jazz e da música americana, passando por boleros e tangos.
Em um país onde viver de música é difícil, seguido de uma fase onde a música eletrônica, raps, funks e outros ritmos dominam festas e clubes, a existência da Orquestra Tabajara por mais de 75 anos é algo histórico e merecedor de registro.
E se tudo isto não bastasse, só quem já dançou de rostinho colado com aquela pessoa que fazia sua respiração alterar, ao som da Tabajara, sabe como era gostoso um baile dos anos dourados.
Edmundo Machado
De fato,fui um previlegiado pois dançei muito de rosto colado com a pessoa amada,e ao som da mais notavel orquestra que por 2 vezes pisou em minha querida Bebedouro. a TABAJARA deixou saudades. Tentarei novamente traze-la para abrilhantar um baile em nossa cidade. o dificil é arrumar patrocinador
ResponderExcluir