quarta-feira, 28 de setembro de 2011

CANTINHO DA MÚSICA



RELEMBRANDO NELSON  GONÇALVES


 

Como as novas gerações pouco ou nada conhecem dos grandes nomes da musica brasileira, é hora de relembrar Nelson Gonçalves que, se não tivesse partido para outra esfera, estaria completando 92 anos e que ainda tem um enorme número de fãs dentre os mais velhos, público que o cantor colecionou em três gerações.
Nelson Gonçalves era gaúcho, nascido em Santana do Livramento em 1919, de onde seguiu para São Paulo ainda criança, indo morar no bairro do Brás. Sua vida como cantor não foi imediata, pelo que trabalhou como jornaleiro, mecânico, engraxate, garçom e lutador de boxe. Nelson era gago, o que lhe valeu o apelido de “Metralha” e o que aumentava sua dificuldade em entrar no mundo do canto. Por vários anos tentou um espaço no mundo da música, sempre utilizando os programas de calouros, de onde saía sempre reprovado, tendo recebido do próprio Ary Barroso um sincero conselho para que desistisse.
Só em 1941 conseguiu gravar um disco, ainda em 78 rotações, muito bem recebido pelo público, o que lhe abriu as portas das gravadoras para novos lançamentos e, então, estava definitivamente colocado na carreira de cantor, tornando-se um ídolo durante a época de ouro da Rádio Mayrink Veiga, situação mantida até a década de 60, quando sérios problemas com tóxicos  criaram dificuldades pessoais e profissionais.
Superada a crise, Nelson Gonçalves lança o disco “A Volta do Boêmio n° 1”, que foi sucesso imediato e que lhe permitiu continuar gravando até os anos 90, sempre obtendo colocação entre os recordistas nacionais de vendas de disco, o que lhe confere uma discografia enorme, reunindo dezenas de discos ainda da era do vinil, bem como uma outra quantidade enorme lançada na era do CD. 
Nelson Gonçalves foi nome importante na música brasileira, não só por suas interpretações como também por não ter ficado estagnado no tempo, pois sempre buscou novos compositores, redimensionando sua carreira, gravando antigos sucessos mesclados com obras atuais como “Simples Carinho” de Ângela Rô Rô ou mesmo “Como uma Onda” do Lulu Santos.
Na linha musical que se propunha apresentar, Nelson fez de tudo. Gravou um disco de tango, gravou sambas, gravou serestas, gravou um disco só com obras de Noel Rosa, gravou o CD “O Boêmio e o Pianista” com Arthur Moreira Lima, enfim, passeou livremente pela música brasileira, sem falar das vezes que participou de discos de outros nomes da MPB e das vezes que trouxe estes nomes para participar de discos seus, como fez no CD “Nelson & Convidados”, “Ele & Elas” onde se apresenta com Gal, Elizeth Cardoso, Fafá de Belém e outras, ainda o CD “Eu & Eles” onde canta com Fagner, Tim Maia, Martinho da Vila, Caetano e outros.
Nelson Gonçalves tem um público fiel, francos admiradores de sua bela voz e de suas interpretações marcantes e o seu falecimento, ocorrido em 1998, abriu uma lacuna no espaço musical brasileiro, que perdeu mais uma das suas grandes vozes, qualidade e dom cada vez mais raro nos dias de hoje, pois se você observar, a absoluta maioria dos cantores atuais, embora “afinadinhos” não têm qualquer extensão vocal, e uma voz como a do “Metralha” tem que ser respeitada.
                                             Edmundo Machado

Um comentário:

  1. Olhando obras de pintores brasileiros cheguei ao seu blog. Nelson Gonçalves... inesquecível. Quem da minha idade (70) não lembra de ter dançado embalado pela magnifica voz desse icone brasileiro. Obrigada por postar e trazer lembranças tão gratas. Um abraço de neusa meloti

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