CANTINHO DA MÚSICA
A SAUDADE DE DEZEMBRO
Todo mês de dezembro trás embutido ao povo da música uma saudade de um nome especial no cenário da MPB. Em dezembro de 1994, portanto há dezessete anos, o Brasil e o mundo perdia o carioca, nascido na Tijuca, cujo nome completo era Antonio Carlos Brasileiro Jobim e que revolucionou toda uma linha melódica tradicional da música brasileira.
Tom Jobim é o nome que melhor representa a música brasileira no período pós-guerra, não só por suas composições inovadoras em termos de construções harmônicas e melódicas, como também pelo romantismo triste que tanto agradou ao Brasil e ao mundo.
No início, o maestro tentou a carreira de arquiteto, mas logo desistiu e resolveu abraçar a carreira de pianista, tocando em bares e inferninhos em Copacabana, chegando a ser, conforme já indiquei em matéria anterior, o reserva do grande Pedrinho Mattar na boate Xauen.
Jobim participou da forma embrionária da bossa nova e em 1958, com o LP “Canção do Amor Demais”, em parceria com Vinícius, interpretação de Elizeth Cardoso e acompanhamento de violão do então desconhecido João Gilberto, disco que pela orquestração é considerado o marco inaugural da bossa nova, encantou o meio musical, até a consolidação definitiva do novo gênero com o LP “Chega de Saudade”, em 78 rotações, interpretado por João Gilberto, mas com arranjos e direção do Tom, que direcionou o rumo da música popular brasileira dali por diante.
Alguns mais impetuosos chegaram a indicar Tom como o “pai da bossa nova”, posição da qual discordo inteiramente. Jobim foi importante para o movimento, mas imputar a ele a criação do ritmo que agrada o mundo até hoje é exagero.
Muitos outros nomes foram mais importantes do que Tom no processo criativo da bossa nova, com a diferença que Jobim galgou o sucesso face a sua enorme criatividade, enquanto os outros não conseguiram se projetar na mesma velocidade e alguns até mesmo desapareceram da mídia.
Jobim tinha formação em piano, pois tinha estudado com o professor Hans Joachim Koellreuter e, ano de 1952, foi contratado pela gravadora Continental, como arranjador e para transcrever para a pauta as melodias de compositores que não dominavam a escrita musical.
Embora Tom já tivesse tido o seu primeiro sucesso em parceria com Billy Branco com a música Tereza da Praia, acredito que a grande virada na vida musical de Jobim aconteceu em 1956, após sua aproximação a Vinicius de Moraes, seu parceiro mais constante e com quem musicou a peça Orfeu da Conceição, de onde nasceu a canção Se Todos Fossem Iguais a Você, gravada diversas vezes e que lançou definitivamente o nome de Tom no mundo da música.
Depois de se apresentar em duas ocasiões no Carnegie Hall, em Nova York, Tom Jobim fez seu último show em Jerusalém, em 1994. Acometido de problemas circulatórios, realizou uma série de exames, ao fim dos quais foi constatado um câncer na bexiga.
Jobim foi operado no Mount Sinai Medical Center, em Nova York, no dia 6 de dezembro de 1994. Dois dias depois, teve uma parada respiratória e faleceu. Seu corpo foi transferido para o Brasil e enterrado no Rio de Janeiro.
A música de Tom ficará para sempre, seguida da esperança que em breve possa aparecer um outro Jobim no cenário da música brasileira para enriquecê-la da forma brilhante que o primeiro o fez.
Edmundo Machado
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