CANTINHO DA MÚSICA
CHORO, CHORINHO, CHORÃO
Parte 2
Além do conjunto “Oito Batutas” Pixinguinha deu outra forte contribuição ao choro, no momento que compôs “Carinhoso”, que era uma polca lenta, depois transformada para chorinho e que agradou em cheio com a letra colocada por Braguinha, anos depois, quando já corria o ano de 1937.
Os anos 20 foram pródigos em grupos instrumentais, chamados de “regionais”, sendo os mais destacados o “Regional do Canhoto” e o “Regional de Benedito Lacerda”. O hoje reverenciado Jacob do Bandolim também fundou um importante regional, o “Época de Ouro”, que fazia enorme sucesso, sendo a casa de Jacob um ponto de encontro de maravilhosos saraus, ponto de reunião de grandes “chorões”, situação que continuou, já nos anos 80 na casa de Álvaro Carrilho, com o nome de “rodas de choro”, tendo Henrique Cazes escrito: “Uma roda de verdade é aquela que mistura profissionais e amadores, gente que toca melhor e pior, sem nenhum problema.”
O choro encantou também ao nosso grande Villa-Lobos, que compôs o ciclo dos Choros, obras que segundo o próprio autor “representavam uma nova forma de composição musical brasileira indigna e popular.” Na década de 50 o grande Radamés Gnattali compôs a Suíte Retratos, homenageando os quatro compositores que considerava fundamentais na música brasileira, Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga, e foi um marco na história do “Choro” , seguido de Altamiro Carrilho, que levou o choro ao mundo erudito, pois através de concertos, executava clássicos em ritmo de choro.
Nos anos 60 o choro perdeu evidência, só voltando à tona nos anos 70, tendo ocorrido duas edições do Festival Nacional de Choro pela TV Bandeirantes de São Paulo e um Concurso de Conjuntos de Choro pela Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. A década de 80 foi marcada por inúmeras oficinas e seminários de Choro, com reuniões constantes de instrumentistas para debates e ensaios sobre choro, culminando com o primeiro Seminário Brasileiro de Música Instrumental em Ouro Preto/MG, no ano de 1986, uma proposta ampla que resultou na redescoberta do choro.
Atualmente o “Choro” está ganhando certo espaço, principalmente por iniciativas individuais e cada vez mais jovens instrumentistas buscam conhecer este estilo musical, mostrando esta nova geração de músicos uma dedicação e um entusiasmo digno de registro. A grande mídia não tem mostrado interesse neste tipo de música e dificilmente vamos ver “Choro” em programas normais de TV ou mesmo tocando no rádio no Brasil. É mais fácil ver tal situação no Japão.
Mesmo que a cultura popular brasileira tenha merecido maiores cuidados, principalmente a cultura musical negra trazida da África e Maracatus e outros “batuques” trazidos pelos portugueses, continuam esquecendo-se do “Choro” que é um estilo puramente brasileiro, único, criado por brasileiros e sem importação de tendências de outras etnias musicais, sendo a divulgação do “Choro” uma maneira de preservar uma cultura nossa, típica, de grande atrativo harmônico e que exige execução talentosa.
Será que vamos ter que esperar que um roqueiro americano qualquer toque um “Choro” em um filme famoso para o Brasil ver a pérola musical que tem ?
Edmundo Machado
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