SOLIDÃO ELETRONICA
Aeroporto cheio devido as férias de verão. As
cadeiras do saguão totalmente ocupadas por dezenas de pessoas que aguardavam o
embarque. Alguns dedilhavam o notebook, outros os tablets e vários estavam
fixos na tela do celular. Vários minutos se passaram até que, anunciado o
embarque, todos se levantaram apressadamente e foram embora.
A cena, que hoje pode parecer cotidiana, me
deixou perplexo para não dizer apavorado. No tempo que as pessoas estiveram
naquelas cadeiras, ninguém trocou uma palavra com ninguém. Nem mesmo quem
estava acompanhado largou o seu aparelho eletrônico e o casal portou-se como
dois estranhos, individualmente hipnotizado pela tela do note ou do celular.
E fiquei pensando em como a informática tem
também seu lado negativo. Há bem pouco tempo passado o saguão do aeroporto
estaria fervilhando de conversas, de pessoas se conhecendo, trocando
informações e idéias. Agora não. Cada um é uma ilha, preso só na sua telinha,
em verdadeira solidão eletrônica.
E esta solidão, que avança gradualmente, está
matando o tríplice alicerce da evolução mental que é
informação-raciocínio-conclusão, principalmente entre os mais jovens e está formando
uma geração com preguiça até de pensar. Estamos formando os “prisioneiros da
Internet”, que só se comunicam em “bate papo” virtuais com pessoas que nunca
viram, o que dificulta a solidificação de vínculos de amizades e ligações
afetivas até mesmo dentro da própria família.
A nova geração não lê um livro. Quando muito
buscam o resumo na Internet e assim mesmo só após muito esforço da professora
de literatura. Tabuada é coisa que não existe. Conta só na calculadora
eletrônica. O jovem não busca mais o saber em sua plenitude. Busca apenas a
mensagem telegráfica que possa encontrar no computador, sem nenhum interesse em
abranger o todo, os detalhes e as circunstâncias, ou seja, querem apenas uma
informação relâmpago, mesmo que insuficiente.
Muitos poderão me chamar de antiquado, mas
tenho medo deste isolamento comportamental causado pela informática, do não
querer pensar e do afastamento social que este novo mundo eletrônico está
provocando, principalmente nas novas gerações. Tenho receio de que este
isolamento, além de prejudicar o saber, prejudique o psicológico, prejudique o
lado humanístico do jovem. E já sabemos que solidão leva a depressões e a
comportamentos paranóicos e até homicidas.
Basta
ponderar que os protagonistas das recentes chacinas em escolas dos EUA eram
pessoas isoladas, só ligadas em seus próprios computadores, sem relações
afetivas e sem contato direto com o mundo real.
O computador e a Internet são ótimas
ferramentas, mas devem ser deixadas de lado em algum momento do dia. Fale com
seu vizinho, converse com a pessoa ao lado, procure seus amigos e, por
principal, busque o contato com seus filhos e ponha regras para que eles não se
tornem vítimas de um artefato eletrônico.
Edmundo Machado
Passei por aqui para admirar algumas obras e me deparo com este bom texto filosófico o qual compartilho das idéias e que de antiquado não tem nada, pelo contrário é bastante atual.
ResponderExcluirJustamente esta semana conversava com meus alunos sobre a sociedade blindada: que os computadores ao invés de serem ferramentas passaram a destituir o home de seu potencial comunicacional, isolando-o e bitolando-os numa realidade virtual. falava sobre wall-e e lhes dizia para fazerem o exercício filosófico de se desligarem de seus tablets, blackberries e afins e de voltarem para casa olhando para o lado, observando os passantes e os que dividiriam com eles o transporte coletivo de volta à casa. infelizmente, alguns filósofos da pós modernidade tem suas teorias confirmadas na atualidade, como Luhmann e sua teoria sistêmica e Baudrillard e sua teoria sobre o simulacro e a hiper realidade. Aliás este último tratava já há mais de 10 anos estas questões sem imaginar qu ehoje elas estariam tão vivas nas redes sociais e noa avatares e realidades virtuais dos jogos de internet. Eu espero que a sociedade abra os olhos a tempo de remar contra esta maré e que continuem investindo na humanização e solidarização do homem. Espero que o paradigma da linguagem não seja superado pelo da cibernética nem que as gerações futuras se empobreçam culturalmente e se mecanizem. Boa reflexão. Um abraço,Alice