sábado, 24 de março de 2012

CANTINHO DA MÚSICA



A MÚSICA NO CAMPO DE BATALHA

Em matéria anteriormente veiculada nesta coluna já tratamos da reação do corpo humano em relação ao som, fato comprovado cientificamente nos dias de hoje. Entretanto, o que só agora integra o nosso conhecimento cientificamente já era dominado pelos antigos, certamente de forma empírica, mas já era conhecido.  

Os gregos já motivavam seus soldados nas batalhas usando som, usando música de combate. Diz o Dr. Vinicius Mariano de Carvalho em seu trabalho “História e Tradição da Música Militar” que os gregos da antiguidade acreditavam “que cada modo de escala musical imitava um afeto humano e portanto tinha também a capacidade de provocá-lo. A isso davam o nome de ethos.”

Os relatos históricos mais antigos nos dão provas de que o som já era usado nos campos de batalha desde os primórdios da humanidade. Temos notícias de tal fato nos embates entre tribos africanas há milênios passados. A citação mais comum refere-se à tribo Zulu, que aterrorizava seus inimigos batendo com a lança curta que usavam contra os escudos, geralmente feitos de couro, o que provocava um som parecido com o de um tambor abafado, sempre acompanhado de batidas dos pés descalços contra o solo, fazendo a tribo parecer muito mais ameaçadora.

Evidente que a música no campo de batalha foi ganhando contornos mais específicos à medida que o tempo passava. Ainda do trabalho acima indicado do Dr. Vinicius Mariano e Carvalho temos a citação de que “Um manual de música militar da metade do século XVI lista uma série de sequências musicais identificadas como “marchar”, “aproximar”, “assaltar”, “retirar”, “escaramuçar”, entre outras. Assim, estes sinais deveriam ser memorizados pelas tropas, pois eles garantiriam a mobilização, a ação e a vitória.”

Com o tempo surgiram as bandas militares, que por sua vez foram sofrendo transformações, não só pela substituição de instrumentos como também pela inovação harmônica e que, em tempos de paz, se tornaram escola para muito garoto que posteriormente, deixando o serviço militar, seguiu a vida como músico e instrumentista, o mesmo acontecendo com os maestros de bandas, sendo o exemplo típico o grande Glenn Miller e sua saudosa orquestra.

No Brasil a produção de música para fins militares foi grande mas está esquecida ou apenas conhecida de poucos, o que é um risco para a memória musical do país, sendo de máxima urgência que tais obras sejam catalogas e devidamente guardadas, visando não se perder um período importante da música brasileira.
                                              
                                            Edmundo Machado

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